Hoje eu quis voar, lembrei que não
tenho asas, mas que ser miserável sou eu nem para voar eu presto. Pensei: subo o
mais alto que puder, alto bem alto e pulo, é isso, pulo lá do alto sinto o vento
bater em meu rosto aquela sensação gostosa e agradável de estar livre vai ser
bom, e fiz, sai de casa decidida e determinada encontrei o que tinha de mais alto
ao meu alcance subi, demorou... As pernas doeu, me faltou folego e em um certo ponto até coragem, mas
não desisti quando cheguei lá no alto e olhei para baixo lembrei que aquele salto
seria único em minha vida, porem determinada estava determinada continuei. Fechei os olhos senti o vento gelado de agosto
bater em minha face lembrei-me de varias pessoas e de varias coisa, lembrei das
ultimas coisas que ouvi, falei e li hoje, algumas lagrimas me saltaram dos
olhos escorreram gelas sobre meu rosto como se fossem faíscas de gelo e num
surto de coragem e desespero pulei... Cada acréscimo de segundo em
minha queda era como se o forte vento que batia em meu corpo fosse arrancando uma
camada de pele uma camada de sentimento e quando cheguei ao chão senti o
impacto em minha matéria agora fria e sem reação, o salto revelou-me que sou mais
sentimento que matéria, ao cair eu me despi de varia sensações e sentimentos
que estava me deixando pesada e me impedindo de ir além, necrosando minha carne
como uma ferida que teima em não curar-se, a queda doeu, doeu muito e foi esta
dor que me fez perceber que não poderia voar, contudo poderia dar saltos de coragem
no desconhecido.